terça-feira, 14 de setembro de 2010

Saudade danada

Zé, essa carta é pra mãe, lê pra ela.

Nasceu, minha mãe. Deu trabalho pra sair mas tá aí no mundo. É pretinha que nem noite sem poste de luz aí em Serrinha. Puxou o pai. Não sei qual nome dar ainda, vou dar um tempo. Esperar a menina ter cara de menina pra dá as graça. A moça que ajudo eu a pari disse que tem cara de Luzia, acho que não. Acho que tem cara de Lourdes, igual da vó. O Jorge conseguiu emprego na casa de uns bacana aí, vai cuidar do jardim. Vai se dá bem, ele sempre foi jeitoso. Eu sei que a senhora não gosta dessa história da gente ter saído tão rápido daí, mas o pai, mãe, não ia deixar nós em paz.
Eu sinto uma falta danada da senhora, sabe, danada. A casa aqui é pequena por demais, nem tem quintal sabe. Mas eu não reclamo não. É bem escura e quante, mas tudo bem. As coisa hão de melhorar. É isso mãe, depois eu peço pra minha vizinha me ajudar a escrever mais. Vou colocar a carta em nome do Zé pra ele ler pra senhora, não confio no pai não.
Mande novidades daí também. Um cheiro. Zizi

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