terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Amontoados humanos
Essa espécie esquisita, cheia de falhas
fundamentalmente
integrativa e expansiva
Quando diz homem
não é ingenuo e não vem sozinho
Homem é humanidade
Homem é tudo que viu, ouviu, sentiu
fez

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Sozinho

Daqui dá pra ver até o pé do céu pisando no chão,
a gente ri assim como quem sente graça de tudo.
De feliz com a vida na verdade, não tem nada
Toda essa quietude disfarçada de timidez
Fala baixo e levanta a manga do casaco pra enganar o calor.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Saco!

Solidão que chega de surpresa
não vem acompanhada de saudade boa de sentir
Não! vem sozinha
ora, nem um sentimento bom pra esquentar o peito amargurado
tirar daqui esse corpo estranho que só gera pus
Conversas inúteis com espelho, que só reflete cara e nariz vermelho
Não se bastar, eis a sina de quem só feliz quer ser

domingo, 9 de janeiro de 2011

Ímã

Único? Tá!
Tenho mais 3 jeitos aqui dentro
do que gente no país do mandarim.
Nas vísceras intimas
há bastante outros
que a cada instante se tornam eu diversos
que a cada momento puxa o fora pra dentro.

Avião

Que coisa linda
é ver de cima
o quanto eu gosto
de ficar em baixo da nuvens.
Mas assim dá pra entender
porque Zeus gosta tanto de seus raios
Em insetinho a gente pisa

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Sonho

No precipício da vida perguntou-se se alguma coisa naquilo tudo foi real, palpável. Lembrava-se de certos casos curtos, da sua fome por insanidade e da sua quietude quando possível fosse. Feito estava, parte considerável de seu sangue quente já sujava o chão de azulejo gelado e escuro do banheiro. Percebeu sua vaidade indo embora, sujando mais ainda o chão. O sangue alcançou o tapete, mas quem se importa com essa bagunça. Seu discernimento se foi com a última baforada concretizada pelos lábios finos da mamãe. Mas a alma não saía de jeito nenhum, essa aí gostava demais dos prazeres da carne para deixá-la assim, com tanta facilidade. Sentiu-se vazio ao ponto de ouvir um vento carregado de escuridão envolvendo essa atmosfera nada comum. "Que lucidez engraçada a essa altura de meu falecimento. Ha! Morri lúcido! Há! Engraçado... Sansação estranha, vazia, leve e pesada! 'A insustentável leveza..." e disse: "Não terminei de ler!" Parecia estar morto enfim e não havia céu muito menos inferno só escuro. De repente a escuridão deu lugar a uma voz bem articulada e conhecida: "Fran? O que você não terminou de ler?" A cabeça supostamente sem vida pensou: "Uai!" Só então percebeu que seus olhos estavam fechados desde que... sabe-se lá! Levantou as palpebras. Uma claridade tranquila dessas de início de dia banhava o lugar. A poeira que acompanhava um feixe luminoso até seus sapatos, dançava como se soubesse o que isso significa. Avistou Vera sentada em sua poltrona favorita, barulhenta e de couro velho. Gemeu: "Nada! Tava sonhando."

Não pára

Aquele relógio verde de pedra opaca com números romanos, ela não fazia ideia por que ainda sustentava algo que nem funcionava mais. Talvez pela vaga esperança de o tempo parar com aqueles ponteiros. Na preguiça do dia, levantou o braço e a mistura de constatação e lembrança a assustou. Um geringonça digital numa contagem progressiva incessante. O tempo ali não iria parar.